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29 de out. de 2012

Resenha de "SOBERANIA E POLÍTICA ECONÔMICA NA AMÉRICA LATINA" - Cap. 1


CANO, W. Soberania e Política Econômica na América Latina. UNESP/Unicamp-Economia, São Paulo/Campinas, 2000. Cap. 1.


Compreender o processo de inserção e evolução das economias periféricas no sistema capitalista, com destaque à relação dos países latino americanos e as economias desenvolvidas centrais em um período conturbado e repleto de crises conjunturais como o século XX é uma tarefa que requer uma análise cuidadosa, tal qual foi feita por Cano no primeiro capítulo dessa obra. Com o objetivo de discutir os acontecimentos que marcaram os interesses regionais e o conflito com o panorama macroeconômico da época, o autor subdivide o período em três etapas, cada uma das quais correspondentes ao grau de soberania nacional conquistado pelo conjunto de países inseridos nessa região periférica.

A primeira etapa, considerada entre os anos 1929 e 1979, correspondeu, segundo o autor, ao momento em que os países da periferia latino-americana, inicialmente prejudicados com a fuga dos capitais forâneos aplicados na América Latina e com a ruptura do padrão de acumulação (agro-exportador), adquiriram grau de soberania nacional "no exercício e no manejo da política econômica de 'desenvolvimento'" com vista à montagem de parques industriais. Trata-se, contudo, de um período em que, apesar das inúmeras tentativas de imposição das políticas imperialistas impostas pelos EUA, economia hegemônica à época, como patrocínio a regimes ditatoriais e golpes militares que serviam a seu interesse, os governos intervencionistas dos países latino-americanos puderam, em maior ou menos grau, explorar as brechas com vistas ao planejamento e crescimento da região.

Para consolidar suas indústrias leve, logo após a Segunda Guerra Mundial, e pesada, durante o II PND, os países mais industrializados da periferia adotaram uma série de medidas macro prudenciais em direção aos seus interesses, tais como administração do câmbio, priorização de importações, readequação tarifária sobre a produção interna e, sobretudo, um virtuoso processo de expansão monetária via endividamento externo que, logo nas décadas seguintes, 1980 e 1990, correspondentes às segunda e terceira etapas do período selecionado, implicaram em volumosos déficits nos seus balanços de pagamentos, levando-os a abrir mão da sua soberania para, então, subordinarem-se às políticas neoliberais impostas pelo ideário norte-americano, como ruptura dos monopólio públicos, privatizações, abertura comercial, corte de gastos públicos correntes e desregulamentações aos capitais internacionais.

Para que mais tais reformas foram feitas, se não para minar a autonomia dessa região em detrimento dos interesses do grande capital internacional, sob a forma de Empresas Transnacionais (ETs), que viram na globalização, comercial, produtiva e financeira, a condição necessária para a reprodução ampliada e centralização do seu capital?

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