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13 de out. de 2012

Resenha de "HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL E MODELO DE DESENVOLVIMENTO RECENTE"


PINTO, A. Heterogeneidade estrutural e modelo de desenvolvimento crescente. IN SERRA, J. (Coord). América Latina: ensaios de interpretação econômica. Paz e Terra, RJ, 1979, 2ª. Ed.


Crescer de forma homogênea em relação aos diferentes setores produtivos não era condição que se revelasse a qualquer país no curso dos anos 1960. Esse pôde ser o caso de alguns Estados nacionais inseridos ao "estrato moderno" do processo de industrialização, como os países mais avançados da Europa, entre os quais Alemanha, países nórdicos e países do Benelux, além também dos EUA. No caso da América Latina, porém, e até mesmo em algumas partes dos países mais atrasados da Europa, como Espanha e Itália, foi justamente o processo de heterogeneidade estrutural que se faz majoritariamente presente nessas regiões, então marcadas pela "débil integração interna dos excedentes intercambiáveis entre os sistemas, a baixa produtividade e alta concentração espacial", conforme afirma Aníbal Pinto nesse artigo.

Dado o atraso técnico, o aumento do endividamento externo e o alto grau de dependência, o autor procurou demonstrar quais foram os desdobramentos dessa estrutura heterogênea às economias latino-americanas, ainda inseridas no estrato primitivo da sociedade durante o período compreendido como a segunda fase do "desenvolvimento para dentro", à qual corresponde à ascensão da indústria de bens de consumo "pesados" paralelamente à já estruturada indústria de bens "leves", ou tradicionais, e que consistiu, finalmente, tanto na "mutação substancial do padrão da demanda [interna]", como na má "distribuição de renda" social e intersetorial à época.

Devido ao aumento do déficit no Balanço de Pagamentos e da dificuldade crescente para obtenção de crédito produtivo de longo prazo nessas economias, Pinto demonstra que não lhes restava outra saída para aumentar o dinamismo interno se não fosse através do influxo de Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) advindos dos estratos industriais modernos nos "setores-chave". Essas inversões tanto poderiam causar ampla irradiação aos demais setores (complementares) da economia, como facilitar a aquisição de componentes técnicos mais sofisticados e relativamente de difícil obtenção.

Tal condição trata, adicionalmente, de um verdadeiro processo de "estrangerização" e dependência tecnológica desses países em relação ao exterior, além, como afirma o autor, "da alienação dos centros de decisão" nacionais e elevado custo social, sem que se leve em conta, com isso, ao aumento da distribuição de renda a fim de que haja maior acesso a esses bens, de "destino seletivo" às classes de mais alta renda, além da melhor alocação dos recursos limitados em favorecimento da maior produtividade e possibilidade de integração regional e setorial.

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