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14 de set. de 2012

Resenha de "O CAPITAL" - Cap. XXIII

MARX, K. O Capital. v. 1, 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985, Cap XXIII



Em "A Lei Geral da Acumulação Capitalista", Karl Marx leva o leitor – provavelmente um trabalhador assalariado, ou detentor de pequeno capital – a uma certa onda de temor e apreensão diante do estado de lucidez em que passa a se encontrar. Através da série de esclarecimentos no que toca ao ímpeto da acumulação capitalista em sua forma ampliada, torna-se evidente como seus pensamentos foram preservados ao longo do tempo, assemelhando-se em número e grau aos acontecimentos perversos entre as forças produtivas nos dias de hoje.

Marx define como reprodução em escala ampliada, ou a acumulação, como a relação do capital em forma ampliada, ou seja, a reprodução do capital em mais capital – este último geralmente com melhor tecnologia para substituir o original – em comparação aos níveis cada vez menores de força de trabalho empregada, que incorpora a crescente "produtividade social do trabalho". Segundo o autor, tais condições perpetuam a real dependência do trabalho com seu próprio produto, o capital, esse último que torna a garantir parcelas maiores de mais valia (relativa), ou trabalho não pago, em escala crescente.

Não obstante, como a parcela de capital variável na composição do capital – correspondente ao acréscimo de mão de obra – é cada vez menor em comparação ao crescimento absoluto da população trabalhadora, o autor considera que "a acumulação capitalista produz constantemente uma população trabalhadora adicional relativamente supérflua" (p. 199), convertida em um verdadeiro "exército industrial de reserva", que permanece disponível ao capital, sendo ora absorvida, ora liberada, conforme as mudanças periódicas dos ciclos industriais do processo de acumulação capitalista.

Para Marx, esse exército de reserva, levado ao ócio forçado em tempos de crises, torna-se elemento fundamental ao enriquecimento da acumulação capitalista, uma vez que mantêm baixa a taxa de salários pagos à população ativa e contêm suas pretensões em momentos de crescimento econômico. Trata-se de um verdadeiro "despotismo do capital" sobre a classe trabalhadora.

Apesar da sua organização recente em sindicatos, que pleiteiam junto ao capital melhores condições trabalhistas, a fome continuará sendo capaz de fazer com a classe trabalhadora siga tão dependente do capital, em troca de um salário médio que garante pouco, ou nada mais do que simplesmente o necessário à sua subsistência?

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