Abas/ guias

22 de fev. de 2009

Vou-me embora rumo ao sustentável!

Foto: "Exodus" - Sebastião Salgado
De que há crise ou esgotamento do sistema capitalista, disso não resta dúvida. Não se trata de um colapso, mas de uma falência em que se observa o aumento produtivo gerando grandes mazelas sociais e ambientais. Aos homens não vale rezar, mas pensar além da caixa, para alguma solução que possa minimizar, ou, até mesmo aniquilar tamanhos déficits. O conceito de desenvolvimento sustentável traz, neste sentido, uma alternativa para se pensar o crescimento econômico através da máxima eficiência no uso dos recursos existentes na terra.


Nem mesmo os altos padrões de consumo existentes nos países desenvolvidos têm sido capazes de frear a fome, o desemprego, as guerras, o incessante desmatamento da região dos trópicos e as ondas de aquecimento global nos pólos. Não se trata aqui de uma defesa ao socialismo já derrotado, mas uma crítica a um modelo em falência que gera destruição e a aniquilação da biodiversidade na terra.

Ao pensar o desenvolvimento na Era do Meio-ambiente, é chegada a hora de o homem parar com os dogmatismos e miopias de curto-prazo e pensar o processo produtivo através do aproveitamento racional da natureza, incorporado seu valor á nova cadeia. Trata-se do rumo a uma moderna civilização baseada em biomassa, cujos recursos presentes na biodiversidade são tratados eficientemente pela biotecnologia.

Desde a conferência de Estocolmo, em 1972, o professor Ignacy Sachs vem alertando sobre essa problemática, a qual designou mais tarde "ecosocioeconomia". Não por menos, entendeu o processo pela harmonia entre os agentes produtivos: ecologia, sociedade e economia. Na época, porém, o embate entre os ortodoxos econômicos e pessimistas do meio-ambiente era tamanho, que pouca importância foi referida ao tema.

É mesmo irônico pensar que a Economia, uma ciência social arraigada fundamentalmente na evolução histórica, siga em sentido contrário àquele de tantas outras disciplinas científicas que buscam grau de excelência. Ao trabalhar em prol do desenvolvimento selvagem e do crescimento perverso que busca o lucro do lasseiz-faire como última instância, não é mesmo de se admirar que se tornasse uma ciência sombria.

Sachs sugere o retorno a Economia Política e a existência de um planejamento negociado e contratual dos recursos naturais, simultaneamente aberto para as preocupações ambientais, sociais e econômicas. Sobretudo nos países em desenvolvimento, que detém condições climáticas propícias à abundância dos recursos naturais, há a oportunidade de se pular etapas e definir novas tendências mundiais a serem seguidas.

Ao Estado cabe o papel fundamental de fiscalizar, subsidiar e corrigir as deficiências, de modo a projetar e produzir estratégias dimensionadas para o aproveitamento dos recursos sustentáveis em demérito à utilização em grande escala de combustíveis fósseis, transporte rodoviário, energia nuclear e pesca ilimitada.

O desenvolvimento sustentável traz à tona a necessidade do pensamento multidisciplinar como oportunidade de salvação, ou ao menos, redução dos diversos danos e custos causados durante todos esses anos à sociedade e a natureza. Faz-se necessário uma combinação entre Ecologia e Economia, pois enquanto as ciências naturais descrevem quais os recursos necessários para um mundo sustentável, as ciências sociais articulam as estratégias de transição rumo a este caminho.


Rodrigo Hisgail Nogueira