Abas/ guias

10 de out. de 2012

Resenha de "O CAPITALISMO TARDIO" - Introdução e Cap. I


CARDOSO DE MELLO, J. M. O Capitalismo Tardio. Brasiliense, São Paulo, 1982, Introdução e Cap. I

Além de avançar em relação às leituras feitas a partir de 1949 pela corrente da Economia Política Cepalina sobre a problemática da desigualdade e da pobreza que atingem a economia Latino Americana, Cardoso de Mello propõem em sua análise a introdução de aspectos históricos e sociais, seguindo as contribuições de F. H. Cardoso e E. Falleto, anteriormente ignorados, ou simplesmente abstraídos pela primeira corrente. De acordo com a teoria da dependência externa da América Latina levantada pela Cepal, a região sempre ficara relegada à miséria, seja no período colônia, durante a fase agro-exportadora, e até mesmo após o momento da corrida técnico-financeira, em razão da inexistência, ou do dinamismo das indústrias nacionais em comparação às dos países centrais, conforme a dualidade Centro-Periferia e, conseqüentemente, à deterioração dos termos de troca e do padrão da divisão internacional do trabalho à qual estava submetida.
            
Uma vez introduzida a industrialização nacional no país, a contar sobretudo da produção de bens de produção e de consumo durável iniciadas a partir da segunda metade da década de 1950, durante a fase nacional desenvolvimentista ocorrida no Brasil (a com maior sucesso entre os países da região), a soberania da produção nacional não contribuíra, como era esperado, com a redução das desigualdades econômicas no país. Pelo contrário, elas permaneciam elevadas em relação às economias centrais. A redefinição do impasse foi proposta por F. H. Cardoso e F. Falleto e depois incorporadas à nova análise de Cardoso de Mello, na qual defendeu a ideia da insuficiência das previsões puramente econômicas para explicar os acontecimentos na América Latina. O autor procurou redefinir as perspectivas ao considerar condições históricas particulares, ou seja, o modo de produção capitalista na América Latina com bases sociais historicamente dependentes, bem como dos objetivos e interesses dos grupos, classes e movimentos sociais dominantes.

É isso, em última instância, que permitiu ao autor propor a análise da história latino americana como formação e desenvolvimento de um certo capitalismo, nos quais qualquer semelhança entre os aspectos sociais eram meramente formais. Cardoso de Mello reconstrói o conceito de economia colonial defendendo sua função como instrumento de acumulação primitiva aos interesses vitoriosos do capital mercantil nacional e a diferencia da fase exportadora capitalista, esta, de fato, baseada nos interesses do capital industrial externo em explorar a mão de obra assalariada necessária à a sua reprodução ampliada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário