Abas/ guias

11 de out. de 2012

Resenha de "A ECONOMIA LATINO-AMERICANA" - Cap. I a V, VII e IX


FURTADO, C. A Economia Latino-Americana. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1978, 2ª. Ed. Cap. I a V, VII e IX.


O entendimento sobre a formação econômica, social e regional da América Latina desde o período colonial até os acontecimentos imediatamente posteriores à II Guerra Mundial, sobretudo a passagem em que é revelado o processo de inserção dessa localidade nos padrões da divisão internacional do trabalho, ficam evidentes após a leitura atenta dos capítulos selecionados dessa obra de Celso Furtado. Anteriormente à determinação das bases da ocupação territorial realizada na região, o autor procurou apontar os principais aspectos físicos e demográficos que condicionaram o processo de colonização nas Américas espanhola e portuguesa, ainda no século XVI, e que se estenderam, com as devidas particularidades, até o momento marcado pelas lutas de independência dos Estados nacionais registradas ao longo do século XIX.

Segundo a divisão geográfica proposta por Furtado, o continente americano fraciona-se em três grandes conjuntos, entre os quais o México setentrional, o istmo americano e relevo sul-americano. Ocupadas por encomenderos, no caso espanhol, que eram responsáveis por produzir um excedente para enviar a Europa geralmente sob a forma de metais preciosos, sobretudo a prata extraída no México e no Peru sob o regime da "mita" (baixos salários pagos aos índios para o trabalho nas minas), esses territórios deram origem a autênticos pólos de crescimento regionais.  Após a decadência da economia mineira, o processo de descentralização econômica deu origem à grande propriedade agrícola de dominação de uma pequena minoria que, por sua vez, influenciou a instituição básica de toda a ordenação produtiva e social a partir do século XVIII, e das quais procedeu ao binômio latifúndio-comunidade indígena e o latifúndio-minifúndio, similares às formas feudais européias, porém, formadas por uma estrutura pré-capitalista de dominação.

Com a independência dos países sul-americanos e a influência das burguesias locais apoiadas no progresso técnico e pelo capital inglês, a inserção dessa região nos padrões capitalistas da divisão internacional do trabalho foi intensificada a partir da primeira metade do século XIX, momento em que se inicia a grande expansão da corrente de comércio internacional de bens manufaturados e matérias primas sob a lei das vantagens comparativas entre Estados nacionais. Após a crise de 1929 tal processo adquire importância declinante, ao passo que levou à inconsistência do padrão ouro e à crise da dívida externa nas economias periféricas, fato intensificado após a II Guerra Mundial, quando o déficit crescente do Balanço de Pagamentos dessas economias as tornou completamente dependentes das determinações impostas pelo FMI sob a égide norte-americana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário