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2 de out. de 2012

Resenha de "NOTAS SOBRE O IMPERIALISMO HOJE"

CANO, W. Notas sobre o Imperialismo Hoje. In Crítica Marxista. v.1 no. 3. São Paulo: Brasiliense, 1993.

O imperialismo tal qual conhecemos no mundo capitalista de hoje, seus objetivos, características, efeitos e formas de conquista e dominação de uma sociedade sobre a outra, é o objeto da análise desse texto de Cano, que remete o leitor às diversas fases em que o fenômeno foi identificado desde o período pré-capitalista, quando o processo de exploração ultramarina entre os séculos XV e XVIII garantiu as primeiras formas de "acumulação originária", ou, como formulou Marx, formas de "acumulação primitiva do capital", que nesse momento foram marcadas por violência, pilhagem e colonização territorial.

Foi na transição entre a primeira para a segunda revolução industrial, no século XIX, contudo, que o imperialismo assumiu o formato mais semelhante daquele que conhecemos hoje. O autor recorreu aos apontamentos feitos por Lênin sobre o que esse último denominou ter sido a "fase superior do capitalismo" para apresentar as características e transformações sofridas pelo imperialismo neste momento da história. Em linhas gerais, as observações de Lênin apontaram para o aumento da concentração do capital na produção, a passagem da pequena para a grande indústria, a "fusão" do capital industrial com o capital financeiro, o aumento das exportações do capital financeiro, a formação de monopólios internacionais, a moderna colonização e o surgimento dos rentiers, ou especuladores do mercado financeiro.

O imperialismo sofreu novo revés após o final da Segunda Guerra Mundial, quando o processo de bipolarização do mundo entre EUA e a antiga URSS fez com que sua hegemonia fosse mantida através de políticas de "ajuda" e reconstrução, mas que pouco surtiram o efeito pretendido. A partir da década de 1970, com a crise da dívida externa dos estados nacionais e o processo de internacionalização dos bancos e empresas multinacionais em busca de mercados para reproduzir seu capital, o ideal neoliberal foi o que imprimiu a nova tônica ao imperialismo.

Nos países desenvolvidos, as políticas de ajuste neoliberais foram sentidas com a intensificação do processo de globalização (financeira e produtiva), a partir dos anos 1990. Seria o déficit no Balanço de Transações Correntes o responsável por ter feito com que esses países adotassem medidas de ajuste que apenas contribuíram para ampliar o poder monopolista dos grandes grupos privados multinacionais, como as desregulamentações e privatizações de estatais? 

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