TAVARES, M, C, T. A cumulação de Capital e Industrialização no
Brasil. Unicamp, Instituto de Econômica, 1998, 3ª. Ed. Cáp. III; 1 e 2).
Insuficiente para
explicar o processo de industrialização ocorrido entre as décadas de 1930 e
1970 no Brasil, a teoria da "substituição de importações" só se
sustenta teoricamente em termos formais, ou meramente descritivos, mas não
basta para analisar a dinâmica da "dominância do capital industrial no processo
global de acumulação [capitalista]" que teve curso no país. Ao avaliar ser
de suma importância a atribuição sobre as intervenções do Estado nacional
autônomo em termos externos, com relação às decisões de política econômica do
governo realizadas através dos mecanismos endógenos "anticíclicos"
adotados, necessários à expansão industrial no país, Tavares admite, por diversas
vezes nesse texto, a inviabilidade do modelo da dinâmica
"externa-interna" que ajudara a construir na proposição originária e
central do pensamento cepalino.
Ao privilegiar à sua
nova análise os aspectos "internos" do movimento de acumulação de
capital no país entre os anos 1933 e 1955, então denominado
"Industrialização Restringida," a autora passa a avaliar
adequadamente a questão da industrialização brasileira, ao mesmo tempo em que torna
a tecer novas críticas também a outras teorias, notadamente à tese de Cardoso
de Mello sobre o "Capitalismo Tardio". Ela aponta que também esse
autor não resolveu a questão maior sobre a industrialização nesse período, ao
deixar de considerar, nesse ciclo, a contradição existente entre os setores
produtivos, notadamente à exclusiva dependência da nossa economia em relação ao
setor de bens de consumo duráveis, ou "assalariados", que pouco se
estendeu à produção interna de bens de capital, ainda insipiente, mesmo ambos sendo
protegidos da concorrência externa devido à diminuição da capacidade de
importar do país.
Tavares defende que é o aumento da produção interna de
bens leves no período que permitiu a reprodução ampliada no período, uma vez
que possibilitou tanto a reprodução da força de trabalho, como de parte do
capital excedente das empresas industriais. A autora acrescenta, ainda,
relutando em concordar completamente com a incorporação da variável
"endógena" à análise, que o aumento da autonomia do Estado em relação
ao capital internacional, no período, apenas aparente segundo o seu ponto de
vista, deveu-se não aos interesses nacionalistas do Estado e da burguesia
nacional, mas fundamentalmente à falta da necessidade de aquisição de recursos
externos novos, uma vez que havia excesso de capacidade instalada no país. É
apenas a partir do Plano de Metas (1956-1960), que Tavares classifica de
essencialmente decorrente da unificação dos interesses dos capitais público e
privado internacional, que os esforços da acumulação e reprodução inclinam-se
prioritariamente ao setor de bens de capital, que encerra, por fim, sua nova análise
sobre os fundamentos do processo de industrialização no Brasil.
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