HOBSON, J. A. A Evolução do Capitalismo Moderno. Abril, SP,
1993, Cap X
Indispensável à passagem do capitalismo primitivo ao industrial moderno
a partir do último quarto do século XIX nos EUA foi a classe dos grandes "financistas"
– patrocinadores, banqueiros, corretores de títulos mobiliários e câmbio. A
eles que os organizadores dos grandes conglomerados industriais recorriam para
adquirir o crédito para desenvolver as tecnologias que lhes permitiria expandir
empreendimentos em grande escala de produção – como ferrovias e minas – levando-os
à concentração do excedente dos seus rendimentos.
Conforme Hobson descreve no capítulo X dessa obra,
intitulado "O Financiador", o grande financista assumiu o posto de
autoridade monetária do sistema econômico ao passo que, em troca de uma taxa
com a qual garantia sua rentabilidade, ele servia de agente intermediário entre
os investidores anônimos e os entrepreneus, ou organizadores dos
conglomerados industriais, ao administrar o capital ocioso de uns para
financiar vários canais de investimento produtivo, sob a forma de ativos
financeiros, dos outros.
Para eles, contudo, pouco importava a parte tangível
desses ativos, constituídos pelo número de plantas produtivas, máquinas e pelo
verdadeiro limite da capacidade real de expansão industrial, senão que por sua
parte "fria", formada por informações privilegiadas, documentos
contábeis adulterados, valorização da imagem da marca, número de patentes,
posição no mercado (que pode ser perdida caso a tecnologia se torne obsoleta),
superestimação da capacidade de produção, e tudo isso para manipular os preços dos
títulos que lhes permita comprar das empresas na baixa e vender na alta ao
investidor amador, finalmente prejudicado pelo boom passageiro.
Dessa forma, segundo o autor, como o crédito se converteu
cada vez mais na força vital da indústria moderna, "a classe dos que
controlam o crédito se tornou mais poderosa", passou a exercer poder sobre
diversas fontes de financiamento, sobretudo ferrovias (ativo imobilizado que
garantia segurança ao capital), trustes industriais, e bancos, bem como retirar
uma cota maior da riqueza dos negócios em geral. Esgotadas as fronteiras
nacionais para reprodução do capital financeiro, novas áreas de investimento eram
facilmente dominadas pelos poucos grupos que expandiam seu poder financeiro,
industrial e comercial pelo mundo. Grandemente subordinado ao capital
financeiro internacional, como é que cada Estado nacional poderia tirar
proveito desses investimentos para favorecer seu desenvolvimento econômico e o
da sua população?
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