CANO, W. Notas sobre o Imperialismo Hoje. In Crítica Marxista.
v.1 no. 3. São Paulo: Brasiliense, 1993.
O imperialismo tal
qual conhecemos no mundo capitalista de hoje, seus objetivos, características,
efeitos e formas de conquista e dominação de uma sociedade sobre a outra, é o
objeto da análise desse texto de Cano, que remete o leitor às diversas fases em
que o fenômeno foi identificado desde o período pré-capitalista, quando o
processo de exploração ultramarina entre os séculos XV e XVIII garantiu as
primeiras formas de "acumulação originária", ou, como formulou Marx, formas
de "acumulação primitiva do capital", que nesse momento foram marcadas
por violência, pilhagem e colonização territorial.
Foi na transição
entre a primeira para a segunda revolução industrial, no século XIX, contudo,
que o imperialismo assumiu o formato mais semelhante daquele que conhecemos
hoje. O autor recorreu aos apontamentos feitos por Lênin sobre o que esse
último denominou ter sido a "fase superior do capitalismo" para
apresentar as características e transformações sofridas pelo imperialismo neste
momento da história. Em linhas gerais, as observações de Lênin apontaram para o
aumento da concentração do capital na produção, a passagem da pequena para a
grande indústria, a "fusão" do capital industrial com o capital
financeiro, o aumento das exportações do capital financeiro, a formação de
monopólios internacionais, a moderna colonização e o surgimento dos rentiers,
ou especuladores do mercado financeiro.
O imperialismo
sofreu novo revés após o final da Segunda Guerra Mundial, quando o processo de
bipolarização do mundo entre EUA e a antiga URSS fez com que sua hegemonia
fosse mantida através de políticas de "ajuda" e reconstrução, mas que
pouco surtiram o efeito pretendido. A partir da década de 1970, com a crise da
dívida externa dos estados nacionais e o processo de internacionalização dos
bancos e empresas multinacionais em busca de mercados para reproduzir seu
capital, o ideal neoliberal foi o que imprimiu a nova tônica ao imperialismo.
Nos países desenvolvidos, as políticas de ajuste
neoliberais foram sentidas com a intensificação do processo de globalização (financeira
e produtiva), a partir dos anos 1990. Seria o déficit no Balanço de Transações
Correntes o responsável por ter feito com que esses países adotassem medidas de
ajuste que apenas contribuíram para ampliar o poder monopolista dos grandes
grupos privados multinacionais, como as desregulamentações e privatizações de
estatais?
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