CARDOSO DE MELLO, J. M. O Capitalismo Tardio. Brasiliense,
São Paulo, 1982, Introdução e Cap. I
Além de avançar em
relação às leituras feitas a partir de 1949 pela corrente da Economia Política Cepalina sobre a problemática da desigualdade e da pobreza que atingem a
economia Latino Americana, Cardoso de Mello propõem em sua análise a introdução de aspectos históricos e sociais, seguindo as contribuições de F. H. Cardoso e
E. Falleto, anteriormente ignorados, ou simplesmente abstraídos pela primeira corrente. De acordo com a
teoria da dependência externa da América Latina levantada pela Cepal, a região sempre
ficara relegada à miséria, seja no período colônia, durante a fase
agro-exportadora, e até mesmo após o momento da corrida técnico-financeira, em
razão da inexistência, ou do dinamismo das indústrias nacionais em comparação
às dos países centrais, conforme a dualidade Centro-Periferia e, conseqüentemente,
à deterioração dos termos de troca e do padrão da divisão internacional do
trabalho à qual estava submetida.
Uma vez introduzida
a industrialização nacional no país, a contar sobretudo da produção de bens de
produção e de consumo durável iniciadas a partir da segunda metade da década de
1950, durante a fase nacional desenvolvimentista ocorrida no Brasil (a com
maior sucesso entre os países da região), a soberania da produção nacional não contribuíra,
como era esperado, com a redução das desigualdades econômicas no país. Pelo contrário, elas permaneciam elevadas em relação às economias centrais. A redefinição do impasse
foi proposta por F. H. Cardoso e F. Falleto e depois incorporadas à nova análise
de Cardoso de Mello, na qual defendeu a ideia da insuficiência das previsões
puramente econômicas para explicar os acontecimentos na América Latina. O autor
procurou redefinir as perspectivas ao considerar condições históricas
particulares, ou seja, o modo de produção capitalista na América Latina com
bases sociais historicamente dependentes, bem como dos objetivos e interesses
dos grupos, classes e movimentos sociais dominantes.
É isso, em última
instância, que permitiu ao autor propor a análise da história latino americana
como formação e desenvolvimento de um certo capitalismo, nos quais qualquer
semelhança entre os aspectos sociais eram meramente formais. Cardoso de Mello
reconstrói o conceito de economia colonial defendendo sua função como instrumento
de acumulação primitiva aos interesses vitoriosos do capital mercantil nacional
e a diferencia da fase exportadora capitalista, esta, de fato, baseada nos
interesses do capital industrial externo em explorar a mão de obra assalariada
necessária à a sua reprodução ampliada.
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