Abas/ guias

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4 de abr. de 2012

Laboratório de experiências

Decorridas duas semanas da campanha "sou motorista e respeito o ciclista", que tem o objetivo de confeccionar um lote de 10 mil adesivos educativos a serem distribuídos aos condutores de veículos em São Paulo para estimular o prazer pela gentileza no trânsito, gostaríamos de compartilhar alguns dos resultados que obtivemos até o momento, além de algumas providências que se fizeram necessárias.

Para acessar outras notícias sobre a campanha acesse:




Desempenho

Até o momento foram realizadas 20 arrecadações das 275 necessárias. Obtivemos a quantia R$ 401, que representa 7% do total orçado (R$ 5.500) para confeccionar um lote de 10 mil adesivos que serão distribuídos pelas vias de São Paulo. Tivemos aproximadamente 700 acessos no site de crowdfunding desde lá, o que representou uma taxa de conversão de quase 3% no período, levando-nos a crer que muitas pessoas acessaram seu conteúdo, mas poucas contribuíram de fato.

Como o prazo para o término da fase de arrecadação da campanha era 09 de abril de 2012, decidimos prorrogar seu encerramento por mais uma semana, para dia 16/04, na tentativa de, junto com outras mudanças feitas, aumentar exponencialmente as arrecadações necessárias à concepção dos adesivos.


Providências


Incluímos a arte gráfica pronta na home page de acesso da campanha "sou motorista e respeito o ciclista". Acreditamos que sua visualização tanto contribuirá com o entendimento sobre o objetivo do projeto, como também estimulará as arrecadações, uma vez que o interessado saberá como será o produto final. Esperamos que todos gostem do desenho. Foi feito o possível com os recursos que dispúnhamos até o momento.





Desdobramos a campanha para outras quantias também, R$ 5 (ganha 1 adesivo) , R$ 10 (ganha 2 adesivos) e R$ 20 (ganha 4 adesivos), pois fomos levados a crer que a quantia solicitada inicialmente, de R$ 20, poderia inibir pessoas interessadas a contribuir com quantias mais baixas.

Para aumentar o número de pessoas sensibilizadas a contribuir, além de continuar a disseminar a ideia nas redes sociais da internet, começamos desde ontem a distribuir tiras de papel na rua contendo as informações básicas para acesso à campanha estendendo-a além do ambiente virtual.


O "Tsunami" do sistema de transportes

Continuamos confiantes e otimistas com o potencial de sucesso da campanha "sou motorista e respeito o ciclista". Em um universo tão grande como o de São Paulo, que registra uma frota de veículos superior a 5 milhões e índices recordes de congestionamento, imaginamos que existam 275 pessoas interessadas em promover processos de melhoria de acesso e mobilidade urbana para si, à sua família e à sua comunidade.

Soma-se a isso o esgotamento do sistema de transporte público. Segundo a matéria "Número de passageiros nos trens da CPTM cresce 73% em cinco anos", do G1 (30/03/12), houve registro de 117,1 milhões de passageiros nos trens da capital paulista nos dois primeiros meses de 2012, contra 67,8 milhões transportados no mesmo período de 2007. Segundo informa a matéria, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, admite que "a rede aérea [de trens] está no limite".

Em acréscimo na matéria, Jurandir afirmou que a inauguração da Linha 4 do Metrô e a consequente integração com os trens trouxe um "tsunami" de passageiros ao sistema. Para o engenheiro Sérgio Ejzenberg, especialista em transportes, os dados refletem a superlotação das linhas. "Há sobrecarga de usuários, uma demanda enorme. O sistema [de trens] não está dando conta", diz. Trata-se, portanto, de uma calamidade no sistema de circulação de pessoas.

No Plano de Contas 2007- 2010 feito pela Secretaria de Transportes Mestropolitanos do Estado de São Paulo, destacou-se algumas das expansões realizadas à época, entre as quais a entrega de 107 trens para o Metrô e CPTM e os 240 Km de linhas novas construídas. Apesar dos esforços, fica evidente que a infraestrutura férrea da cidade tem operando no limite da sua capacidade, não sendo possível, desse modo, pensar na possível adequação da oferta de trens à crescente demanda de passageiros.


Ciclovias

É hora de pensar nos transportes alternativos e a bicicleta tem sido um meio eficiente de circulação de pessoas que realizam viagens curtas num raio de até 10km da residência. São Paulo está bastante atrasado nas execuções de ações nesse sentido, registrando pouco mais de 150Km de vias para bicicletas.


Continuamos a contar com seu apoio para disseminar esta ideia da maneira que lhe for possível.

Os ciclistas agradecem, e os motoristas também!

Abraços,

Carol (motorista) e Rodrigo (ciclista)

19 de mar. de 2012

Sou motorista e respeito o ciclista: a campanha está no ar!!!

No último sábado, dia 10 de março, escrevi neste mesmo blog um post intitulado "O fenômeno crowdfunding" com o objetivo de explorar o alcance dessa nova, ou não tão nova assim, modalidade de financiamento colaborativo e que conta com a estrutura tecnológica das redes sociais na web não apenas para expandir-se, mas principalmente para colaborar com interesses dos milhares de empreendedores nos mais diferentes territórios do mundo.

Associei a esta ideia, além disso, uma segunda, que se resumiu a utilizar uma dessas ferramentas de crowdfunding para levantar fundos e implementar um projeto de educação no trânsito, que surgiu com base em uma conversa com minha amiga economista Carolina Tomo após nossa comoção com as tragédias fatais envolvendo ciclistas nas metrópoles brasileiras nos últimos meses.


Surgimento do crowdfunding

A plataforma surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 2000, por meio do lançamento do site ArtistShare, e servia inicialmente às necessidades de financiamento dos mercados fonográfico e cinematográfico, antes mesmo de tornar-se tão conhecida e à serviço de empreendedores sociais e comerciais, a exemplo das startups, e dos próprios grupos de coletivos urbanos que utilizam-na para arrecadar fundos e assim adquirir os recursos necessários para executar os seus projetos.

Somente a partir de 2005, segundo descreve o crowdsite wikipedia, é que a modalidade se popularizou através do termo "micropatronage", lançado pelo web designer Jason Kottke. Ao associar seu uso ao radical patronage – (apoio, patrocínio, doações), que era oferecido por reis e papas, em sociedades monárquicas, a músicos, artistas e escultores para que desenvolvessem suas produções artísticas – Kottke constatou que o fenômeno do financiamento colaborativo, essencialmente composto por diversas fontes de recursos que somente juntas são capazes de formar o todo, é sobremaneira constituído por micro unidades de capital justificando, portanto, o uso do termo.

O conceito só consolidou-se mesmo, contudo, no ano seguinte, já com a expressão que conhecemos nos dias de hoje, crowdfunding, quando o empresário americano Michael Sullivan exprimiu: "Many things are important factors, but funding from the 'crowd' is the base of which all else depends on and is built on. So, crowd funding is an accurate term to help me explain this core element of fundavlog". A partir daí surgiram os mais conhecidos sites americanos do gênero, como Sellaband (2006), SliceThePie (2007), IndieGoGo (2008), Spot.Us (2008), Pledge Music (2009) e Kickstarter (2009).




Brasil completa aniversário de 01 ano da modalidade

No Brasil a modalidade tomou corpo somente no início de 2011, com o lançamento do site brasileiro Catarse, que tinha apenas cinco projetos no ar, à época, como noticiou a Revista Exame em janeiro daquele ano. De acordo com a recente publicação do caderno Link, do Estadão, de janeiro de 2012, após o primeiro aniversário de vida o site já hospedava 278 projetos, 146 dos quais considerados bem sucedidos, como mostra o infográfico ao lado revelado pela própria empresa e publicado no caderno. A partir daí, outras iniciativas como Vakinha, Incentivador, e Movere também surgiram para disseminar o serviço em grande escala no país.


Um, dois, três, AÇÃO!

Surpreendidos com a ferramenta e ao mesmo tempo bastante sensibilizados com a intolerância no trânsito de São Paulo, Carolina e eu decidimos agir. E foi com base na frase genial lançada por ela, "sou motorista e respeito o ciclista", que pensamos, então, confeccionar um lote de milhares de adesivos – 10 mil foi nossa tacada – e distribuir aos condutores de automóveis na cidade de São Paulo durante a próxima Bicicletada (movimento de resistência e conscientização social que incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte), dia 27 de abril, em São Paulo.

Tomado o desafio desde a semana passada, logo nos cadastramos em um desses sites – no caso o Vakinha, que nos pareceu de fácil manuseio – e, em seguida, fomos atrás de alguns orçamentos para identificar a quantia necessária a ser solicitada para a execução do projeto. Enquanto os orçamentos não chegavam, aproveitamos o tempo livre entre atividades profissionais e acadêmicas para procurar desenhos e imagens complementares para compor a arte final dos adesivos estilizados.

Com dois orçamentos já em mãos, depois de várias trocas de e-mail com os fornecedores para ajustes e barganhas, conseguimos definir, por fim, o custo total do projeto em R$ 5.500,00. Como também já possuíamos algumas opções de imagens, só faltava mesmo definir a estratégia da campanha promocional, além dos ajustes finais no site e partir para o lançamento. E assim foi. Pensamos em qual quantia cada uma das pessoas estaria disposta a contribuir e R$ 20 nos pareceu bastante razoável, de modo que 275 pessoas precisariam cooperar para o acúmulo do montante total, um número relativamente baixo e igualmente bom para distribuirmos 4 adesivos em primeira mão para cada uma, restando-nos, ainda, 8.900 para distribuir no evento da Bicicletada. Pronto!


Participem!!!

Agora é hora de participarem e por isso os convido a finalmente visitar a campanha "Sou motorista e respeito o ciclista" (acesse aqui), prontinha e já lançada no ar. Não esqueçam: o poder da pessoa física nas políticas de patrocínio e aporte financeiro a projetos podem mobilizar a sociedade. Seja um elemento de mudança também e mostre o seu respeito no trânsito da cidade. A campanha se encerra dia 09 de abril, por isso, não perca tempo, participe e divulgue para a sua rede. Sua ajuda é muito valiosa para nós! Vou mantê-los informados sobre os resultados.

Grande abraço e obrigado a todos.

10 de mar. de 2012

O fenômeno crowdfunding

Hoje eu ia mesmo aproveitar parte da tarde chuvosa para tratar do tema "trabalho autônomo", que tem ganhado muito da minha atenção, mas fui mesmo paralisado pelo tema "crowdfunding", que está simplesmente revolucionando o sistema financeiro mundial ao romper com barreiras institucionais, como a das exigências dos Bancos Centrais Nacionais, e que também não está, de forma alguma, desassociado do primeiro tema, sobretudo ao pensar em idéias inovadoras com estímulo à produção de base tecnológica, como as comumente apresentadas pelas startups.

Adeus às dificuldades burocráticas ao se pensar em levantar capital e recursos para colocar um projeto em prática. O "crowdfunding", ferramenta de colaboração financeira derivada do conceito "crowd", assim como o "crowdsource", para colaboração de ideias entre a rede de usuários mundial de internet para a criação de dada tecnologia sem que essa precise estar submetida aos expert residentes nas grandes empresas (a exemplo da plataforma Linux), facilita o aporte da capital para qualquer projeto, seja ele para fins lucrativos, educativos, políticos, culturais, científicos, etc.

Empresários com dificuldade de aquisição de crédito em bancos comerciais, sejam eles por ser informais, ou até mesmo por não possuírem data quantia de capital social como garantia, e ainda aqueles com ideias geniais, mas que tem dificuldade de sair do papel dada a necessidade de certa quantia mínima de dinheiro, como os "startupeiros", podem agora fazer uso destas ferramentas de financiamento colaborativo para materializar o seu negócio. Muitas delas, como os sites Vakinha, Incentivador, Catarse e Movere, ajudam a pessoa a financiar uma simples ideia a sair logo do papel.


Estratégia de execução

A sistemática para operar estas ferramentas é bastante simples. Basta o candidato se cadastrar em um destes sites – alguns dos quais exigem que ele seja uma pessoa jurídica –, informar quanto custará sua ideia, em quantos dias estima receber a quantia e como pretende recompensar quem o ajuda. Pronto! Basta aguardar pela avaliação positiva da equipe dos sites e, então, encaminhar o link para os amigos na tentativa de causar um "viral" para viabilizar a ideia.

O viral é uma espécie de mobilização natural das pessoas utilizando as redes sociais em prol de uma ação, podendo-se destacar, assim, como uma das principais vantagens do crowdfunding. Em muitos desses sites quem contribui acaba se tornando um associado que tem direito a certas regalias, exclusivas, ou não, como brindes, ter acesso antes ao produto criado e outras premiações, conforme a imaginação do candidato.

Se a quantia não for arrecadada até o tempo estipulado, assim como nos sites de compras coletivas, quando o número mínimo de cotas promocionais de um dado produto não é atingido, a ideia vai por água abaixo e o dinheiro é devolvido a quem já havia feito o depósito. Por isso vale lembrar a importância de montar uma estratégia eficiente e não muito exagerada, porém que seja arrojada, para que a ideia não corra o risco de ser inviabilizada. O ganho destes sites é decorrente de um custo fixo por dósito acrescido de um percentual do montante arrecadado, variando caso a caso.


Uma boa ideia

Inspirado nas ações promovidas pelos (1) coletivos urbanos (conceito utilizado para designar processos de grupos artísticos urbanos que tem o objetivo sensibilizar e gerar impactos sensoriais nos habitantes de uma metrópole), (2) nas ações provocadas pela Bicicletada (movimento de resistência em que os cicloativistas inspirados na Massa Crítica francesa manifestam-se em prol da maior generosidade no trânsito e que defende melhores condições de mobilidade nas vias urbanas e o seu compartilhamento com as bicicletas) e, (3) na pouca ou quase nenhuma ação estimulada pela prefeitura para melhorar a educação e a relação dos condutores no trânsito, já que esse assunto parece ter pouca prioridade na agenda política, pensei junto com a amiga economista Carolina Tomo em uma ideia.

Antes de falar sobre a ideia em si, porém, vale dizer que mesmo sendo muito amigos, Carolina e eu pensamos de forma distinta quanto ao meio que preferimos utilizar e que adotamos, de fato, para nos locomover pelas vias de São Paulo. Enquanto promovo a cultura da bicicleta, percorrendo 25Km diariamente, Carolina segue preferindo circular quilômetros munida do seu automóvel, por sentir-se mais segura e confortável, além de achar que ganha agilidade, mesmo sabendo contribuir com o aumento da poluição, do efeito estufa e do tráfego na cidade, entre outros prejuízos. Nem por isso somos inimigos, pelo contrário, saibam vocês que foi essa diferença que inspirou tal ideia.

Share the road, de Mike Joos

Sem mais de suspense, ela foi sensibilizada com os desdobramentos do recente acidente que acometeu a vida da ciclista e bióloga Juliana Dias, no dia 02 de março, e não sabendo como apoiar a Bicicletada, da qual costumo fazer parte sempre que me resta um tempo, Carolina me perguntou se teríamos como desenvolver um adesivo para que pudesse colar no seu carro informando a seguinte frase: "Sou motorista e respeito o cilista", ao lado de alguma arte (como a de cima) que ainda estamos buscando. Achei o máximo!


Próximos passos

Disse a Carol que uma ação como essa poderia não só gerar alívio a ela, mas também para milhares de outros motoristas que respeitam e dividem as vias públicas com ciclistas. Poderíamos gerar um impacto muito grande, maior mesmo do que as ações da prefeitura, que se mantêm omissa aos fatos, ou outro qualquer. Assim decidimos correr aos preparativos.

Por hora busquei várias informações sobre crowdfunding, como podem ver, e acabei de criar uma conta no Vakinha, aguardando para obter as demais informações para cadastrar a ideia. Já solicitei orçamentos para elaboração de uma primeira leva de 10.000 adesivos, que tanto poderiam ser distribuídos durante as ações de pacificação da bicicletada, ou entregue aos ciclistas para que distribuam aos carros, quando pararem nos semáforos, durante os seus próprios trajetos diários.

Ainda preciso buscar por uma arte para colocar no adesivo, tarefa que solicitarei a alguns conhecidos para que me ajudem, e também definir como nossos patrocinadores serão recompensados (ganhando 5 adesivos em primeira mão, cada um, por exemplo). Espero que na próxima semana eu já tenha o link de acesso para crédito para disponibilizar no ar. Sigo nos preparativos e esperançoso para sentir se esse crowdfunding dará mesmo certo, hoje para um objetivo cultural e educacional, é verdade, mas amanhã para algum outro negócio qualquer, preferivelmente para obter lucro em uma nova empreitada, por que não?

Abs

29 de mai. de 2011

Novos rumos para a política pública de APLs no Brasil

Realizado em Ouro Preto-MG entre os dias 16 e 20 de maio pelo Sebrae (Sistema Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com o TCI (The Competitiveness Institute), comunidade mundial com mais de 2.500 profissionais, o 6º. CLAC (Congresso Latinoamericano de Clusters) foi marcado por tendências e perspectivas para a competitividade dos pólos empresariais conhecidos no Brasil pelo termo Arranjos Produtivos Locais (APLs).


Entre os mais destacados painéis estavam o de Christian Ketels, da Harvard Business School (EUA), Madeleine Smith, do Instituto Ekos (Reino Unido - Escócia) e Elisabeth Waelbroeck Rocha, da BIPE (Bureau d'Information et de Prévisions Economiques - França). Vinte anos após Michael Porter ter escrito "A Vantagem Competitiva das Nações" (1990), principal referência sobre o assunto na atualidade, o novo espaço de debates abrigou ideias acerca das iniciativas futuras para atuação em clusters. Estas iniciativas passam a transitar na busca por uma segunda geração de políticas públicas, na qual se imagina haver a articulação efetiva e a clara definição de papeis e responsabilidades entre os atores locais envolvidos, entre os quais, empresas, governos, agências de fomento, instituições financeiras e universidades.

Os objetivos do 6º. CLAC, segundo Lina Volpine, do SEBRAE-MG (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais) foram disseminar os principais conceitos, situar o Brasil e suas iniciativas no contexto dos clusters, além das iniciativas de clusters no contexto mundial, identificar caminhos para que a América Latina avance nos temas inovação e competitividade, identificar os desafios para o desenvolvimento sustentável da America Latina, divulgar a rede TCI Network e sua importância como instrumento de fomento e competitividade, e estimular e facilitar o relacionamento entre os participantes


Justificativa sobre a importância dos APL
Fazer políticas de desenvolvimento é um dos maiores desafios nos dias de hoje, quando a economia globalizada tem o desafio de transformar o empreendedor nato em um empresário, buscando fórmulas que permitam vencer, ao mesmo tempo, as desigualdades regionais e territoriais. Não é uma tarefa fácil buscar o desenvolvimento de municípios que produzam infraestrurura aos seus moradores. A modelagem construída para clustes, ou APLs, coerentes com a necessidade global de tornar as regiões competitivas, tanto promove a inclusão produtiva, como deixa um legado estrutural necessário à localidade.


Entidades públicas e privadas têm o papel de cooperar e fomentar os clusters, a fim de transformá-los na grande bola da vez para o processo de desenvolvimento sócio-econômico das localidades. Enquanto as empresas dedicam-se ao planejamento e execução das ações do pólo, cabe às entidades públicas e privadas fomentar tal iniciativa criando um ambiente favorável aos negócios, colaborando com apoio técnico e financeiro, além da infra-estrutura de apoio.


Segundo Sérgio Augusto Lourenço, da FIEMG/IEL (Federação das Indústrias de Minas Gerais/ Instituto Euvado Lodi), "o marco para identificar o bom desempenho de um cluster pode ser notado quando os atores locais trabalham em conjunto, seguindo à mesma direção". Lourenço admite que para haver competitividade, a governança local deve ter um entendimento comum para propor ao grupo aquilo do que há de melhor para o alcance do desenvolvimento da região.

No Brasil, as ações dirigidas ao desenvolvimento de clusters tiveram abordagem oficial como política pública em 2004, com a criação do GTP APLs (Grupo de Trabalho Permanente para APLs), coordenação pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Segundo Heloísa Menezes, secretária de desenvolvimento da Produção do MDIC, existem atualmente 957 iniciativas de APLs espalhados por todo o país. Para o GTP, um APL é caracterizado a partir da concentração de um número significativo de empresas em um dado território, enfatizando-se as melhores práticas para induzir a ganhos técnicos, produtivos e de mercado, e onde a cooperação entre os agentes da governança se retroalimentam devido a proximidade local, buscando alcançar soluções a problemas comuns.




A tripla hélice
Segundo Madeleine Smith, do Instituto Ekos (Reino Unido - Escócia), as redes formadas na web tornam ainda menos necessária a condição de proximidade física entre as empresas para que façam parte de um mesmo APL. Segundo Smith, para que se pense em políticas inovadoras, é necessário criar um espaço para discussão no campo das ideias. "Inovar é ter idéias frescas, mas que precisam necessariamente ser novas, e exercidas constantemente pelo modelo mental da tripla hélice: revisão dos planos, abandono dos vícios e reinvenção das estratégias".

O cluster é, para Smith, "uma combinação da competição e cooperação entre empresas, cuja fricção leva à inovação". Para que haja trabalho conjunto na busca de um objetivo, deve-se entender o verdadeiro motivo pelo qual são feitas políticas dirigidas a clusters e verificar aquilo que realmente se está disposto a abandonar para atingir um objetivo comum. Como é muito difícil atingir um profundo grau de colaboração entre os agentes locais, é necessário que sejam aperfeiçoados os indicadores de avaliação de desempenho existentes nos dias de hoje. Isto permitiria mostrar os benefícios tangíveis da colaboração, a fim de que exista interesse natural dos agentes pela participação nestas iniciativas (Colaboração = Benefícios/Tempo).


As novas tecnologias
Por ser uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento econômico, torna-se necessário que exista a reavaliação das evidencias e desafios atuais dos clusters, focando o seu verdadeiro objetivo de agente de desenvolvimento econômico, mais inovador e com mais agregação de valor, e encorajando a colaboração profunda entre os atores em ação na busca por redes de interesse mútuas.

Segundo Elisabeth Waelbroeck Rocha, do BIPE (França), os clusters e demais agregados produtivos precisarão ser bastante eficientes para responder aos novos anseios populacionais, sobretudo em relação aos seus hábitos de consumo e a necessidade de reduzir custos sócio-ambientais. O futuro gera novas oportunidades para que surjam clusters produtores de tecnologias limpas, como biotecnologia, nanotecnologia, propulsão motora, equipamentos óticos, a laser e para logística reversa. Para isso, porém, será necessário haver disposição mútua entre os diversos atores, bem como incentivos fiscais do governo para promover e criar a cultura de uso destas novas tecnologias.



A importância da Política Industrial
Mas a existência dos clusters por si só não é suficiente para responder às necessidades futuras se não forem realmente bons naquilo a que se propuseram. Por isso os cluster não devem ser criados, mas apoiados sempre que houver profundo comprometimento das partes interessadas. Políticas de clusters também não substituem as políticas de desenvolvimento regional, ou de desenvolvimento industrial. Os clusters devem ser tratados como complementares, já que não dão respostas tão amplas como as políticas industriais. É necessário buscar suas interfaces e conexões. Brasil e a América Latina terão a oportunidade, no contexto da sugunda geração de políticas públicas, de adequar os seus negócios estabelecendo relações entre grandes e pequenas empresas, promovendo a inclusão produtiva e a redução da informalidade.


O papel do financiamento no âmbito dos clusters também deve estar integrada à política do Estado, estimulando o desenvolvimento de uma econômica mais inovadora e com mais geração de valor produtivo. Segundo Matheus Carvalho, do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), "apesar da natureza do banco de desenvolvimento permitir estreitar a ação junto aos clusters, os bancos ainda não estão aparelhados para trabalhar em clusters". Carvalho explicou que a atuação é feita de empresa para empresa, separadamente, a partir da análise do crédito caso a caso.


Carvalho reforçou que um banco que tem como missão a integração com políticas regionais precisa estabelecer mecanismos e instrumentos com capacidade de inovação em clusters. "Um banco com esta natureza precisa aprimorar suas análises em direção a aspectos que transcendam apenas à análise do risco. Sem que haja, porém, uma ação estruturada de política pública com linhas de ação orientadas, a ação isolada do banco de desenvolvimento se torna frágil".


Atualmente o banco Bradesco é a única grande instituição privada de crédito a apoiar iniciativas de clusters. Segundo Octavio de Lazari Jr, diretor do banco, "a política de crédito privado a clusters só será eficaz quando os bancos encararem este setor com um segmento estratégico". Existem 338 APLs apoiados pelo Bradesco em 823 municípios no Brasil e em 57 diferentes setores da economia, totalizando 30.176 empresas atendidas e mais de R$ 1,3 bilhões empregados em 2010. Apesar do Bradesco ser o único banco privado do Brasil a apoiar as iniciativas de clusters, Lazari Jr. acredita que o processo deverá ter espaço para evoluir nos próximos anos.




Ambiente favorável à competitividade
Para serem bons e competitivos, os clusters precisam melhorar o seu aspecto organizacional, devendo haver uma articulação institucional para que a iniciativa possa ser uma alternativa que atenda às necessidades futuras da sociedade. O cluster não é apenas uma única indústria, mas um grupo variado de atividades que devem ser integradas para a geração de benefícios e formação de novos negócios. As empresas destes pólos precisam ser mais capazes de crescer e permanecer fortes em momentos de intempéries econômicas ou com a presença de novos entrantes nos seus mercados de atuação.

De acordo com Christian Ketels, do Instituto de Estratégia e Competitividade da Harvard Business School (EUA), o Brasil possui diferentes níveis de desenvolvimento em cada região e setor, cuja conseqüência é seu menor grau de competitividade no mercado global. “Se o país se integrar de forma mais rápida à economia global, a globalização poderá lhe trazer benefícios setoriais que favorecerão o ambiente competitivo aos clusters nacionais. Dificilmente há clusters fortes se não existe competitividade para o setor”.

No que diz respeito às empresas, questionou Ketels, como conectar um cluster local com a rede mundial, se os clusters locais são únicos e não podem ser copiados em outros lugares, respondendo às particularidades da região? Segundo ele, esta conexão pode ser feita por meio do compartilhamento das melhores práticas desenvolvidas mundialmente nos clusters dos setores estudados. É necessário criar, portanto, plataformas para trabalhos integrados, com objetivos de políticas públicas definidas para clusters, cujo ambiente favoreça a dependência mútua, a coordenação entre os agentes e o compartilhamento de informações. “Organizar a implementação de clusters gera mais impacto do que o oferecer uma ação individual para cada empresa”.

Ele alertou, ainda, que para o bom desenvolvimento das iniciativas de clusters, os agentes públicos deverão eleger os clusters a serem trabalhados, não sendo possível realizar ações junto aos clusters que não atenderem aos objetivos definidos. "Deve-se dar preferência somente àqueles clusters que efetivamente demonstrarem interesse em trabalhar para o alcance da proposta, não estimulando, desta maneira, a criação de clusters de forma desordenada, mas focando o empenho aos clusters existentes e fortes".


Entre os benefícios das políticas de clusters estão o mérito em transferir conhecimento difuso a todo o país, além dos ganhos em capacitação, ofertas duradoras de trabalhos qualificados e legado da infraestrutura em geral para a região. Para Renato Caporali, da CNI, os APLs surgiram nos últimos 30 anos no Brasil sem a existência de políticas concretas dirigidas a esta iniciativa. Ele acredita que a nova política conduzida pelo MDIC será, neste sentido, "uma grande oportunidade de buscar de forma responsável a defesa da industrialização no país, podendo atingir parte significativa dos municípios no Brasil". Para que isso ocorra de fato é necessário compreender qual o papel de cada entidade neste processo. "Não é trivial o entendimento sobre a competitividade de um agrupamento produtivo, envolvendo, ao menos, economia, sociologia e ciência política".


Este é, portanto, um momento importante para o avanço destas políticas de estímulo às cadeias produtivas, coexistido e reforçando a competitividade das empresas e interesses dos agentes envolvidos de forma mutua. Embora seja uma poderosa ferramenta para gerar inclusão produtiva, a política de APLs não funcionará sozinha, e muito menos sem o verdadeiro interesse das suas partes em gerar competitividade à região. Ações estruturantes para a melhora do ambiente competitivo, como financiamentos, educação e infraestrutura, ainda precisam ser aprimoradas. Mas o primeiro passo já foi dado, o reconhecimento sobre a importância de revisão dos antigos planos. Para que a mudança aconteça de fato cabe, agora, segundo a receita de Madelaine Smith, que aos agentes envolvidos abandonem os vícios e reinventem as estratégias. As palavras já disseram, agora é necessário agir e aguardar para ver se a receita funciona.

18 de out. de 2010

“Geolocalizando” as partes interessadas

Apesar do potencial dos pequenos negócios para geração de emprego e renda para a sociedade e, em acréscimo, da sua importe contribuição para o processo de desenvolvimento social de uma Economia, sobretudo no que diz respeito às liberdades de escolhas de uma população e seu respeito à biodiversidade, inda é raso o esforço das iniciativas públicas e privadas no sentido de estimular a execução de projetos setoriais integrados que estimulem este aperfeiçoamento. No Brasil, segundo o que conta a história, este cenário é ainda mais prejudicado por conta do ambiente institucional hegemônico no país, em grande parte atrelado aos curtos prazos políticos dos seus governantes e do individualismo crescente de caráter social.

Cerca de 98% das empresas do país faturam até R$ 2,4 milhões ao ano, que por sua vez compões o universo das micro empresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPP), também responsáveis por mais de 60% do estoque de empregos existentes no Brasil, segundo dados gerados pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) elaboradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Além do próprio aquecimento do mercado interno decorrente dos avanços estruturais de ordem macroeconômica nos últimos dezesseis anos no Brasil, o cenário geopolítico mundial nunca esteve tão favorável ao país, que receberá nos próximos anos alguns eventos esportivos de grande visibilidade mundial, como a Copa do Mundo FIFA 2014 e as Olimpíadas de 2016 podendo estimular ainda mais, por sua vez, as oportunidades de negócio para as MEs e EPP em diversos setores na economia.

Mas mesmo este cenário não parece ter sido suficiente para que fosse dado destaque a necessidade de planejamento de políticas público-privadas com foco em projetos de arranjos setoriais, quanto mais a sua execução e operacionalização, com empenho, determinação e comprometimento dos atores envolvidos. Não há duvidas de que o país considerado um dos mais empreendedores do mundo tem falhas no que toca a seu corpo institucional, carecendo de programas integrados pensando, sobretudo, nos benefícios a médio e longo prazos. E tecnologias de comunicação de ponta, muitas até mesmo gratuitas, não faltam para contribuir com esta lacuna no processo de desenvolvimento econômico. O twitter, por exemplo, que é uma rede social de microblogs permite, entre outros, que pessoas interessadas em um mesmo assunto possam compartilhar informações de forma rápida e segura possibilitando a articulação dos agentes e a tomada de decisões conjuntas.

Um arranjo de empreendimentos que faça uso dessa ferramenta pode, por sua vez, divulgar notícias de interesse comum, trabalhar o associativismo para processos, bem como facilitar o fortalecimento das ações de cooperação. Penso em um grupo de empresas em um dado território que supostamente precisasse definir em poucos instantes quem dos integrantes do grupo poderia representá-las comercialmente em uma feira, um evento, ou até mesmo para verificar a disponibilidade para ministrar uma palestra de boas práticas gerenciais. Por meio do twitter, aqueles empreendedores mais ociosos no período, ou uma missão de empresários poderiam ser facilmente definidos garantindo uma eficiente tomada de decisão do grupo.

Outra interessante ferramenta é aquela que provêm serviços de geolocalização, como os aplicativos para celular Foursquare, Gowalla, Loopt, entre outros, que permitem com que clientes que façam uso destas plataformas para “smart phones” (celulares inteligentes) recebam ofertas especiais daqueles estabelecimentos cadastrados em seus celulares, quando de um raio de alguns quarteirões da empresa cadastrada. Conforme noticiado pela Folha de São Paulo em 17/10/10 na matéria intitulada “Geolocalizador ajuda a atrair clientes”, “os serviços de geolocalização se tornaram uma ferramenta de marketing cada vez mais importante para as pequenas empresas, especialmente aquelas que dependem do tráfego de consumidores”, como restaurantes, salões de beleza, loja de roupas, entre tantas outras.

Muitas são as tecnologias e oportunidades a disposição da sociedade para auxiliar na condução de projetos de desenvolvimento setorial, nos moldes de arranjos setoriais locais. Cabe às partes interessadas nos projetos o seu comprometimento individual com o coletivo sabendo que cada qual representa um importante elo de uma cadeia que depende da responsabilidade do grupo. Se as oportunidades forem bem exploradas e os projetos minimamente planejados, a sociedade certamente se beneficiará, a médio e longo prazos, dos legados criados desde o curto prazo.