FURTADO, C. A Economia Latino-Americana. Companhia Editora
Nacional, São Paulo, 1978, 2ª. Ed. Cap. I a V, VII e IX.
O entendimento
sobre a formação econômica, social e regional da América Latina desde o período
colonial até os acontecimentos imediatamente posteriores à II Guerra Mundial, sobretudo
a passagem em que é revelado o processo de inserção dessa localidade nos padrões
da divisão internacional do trabalho, ficam evidentes após a leitura atenta dos
capítulos selecionados dessa obra de Celso Furtado. Anteriormente à determinação
das bases da ocupação territorial realizada na região, o autor procurou apontar
os principais aspectos físicos e demográficos que condicionaram o processo de
colonização nas Américas espanhola e portuguesa, ainda no século XVI, e que se
estenderam, com as devidas particularidades, até o momento marcado pelas lutas de
independência dos Estados nacionais registradas ao longo do século XIX.
Segundo a divisão geográfica
proposta por Furtado, o continente americano fraciona-se em três grandes conjuntos,
entre os quais o México setentrional, o istmo americano e relevo sul-americano.
Ocupadas por encomenderos, no caso espanhol, que eram responsáveis por
produzir um excedente para enviar a Europa geralmente sob a forma de metais
preciosos, sobretudo a prata extraída no México e no Peru sob o regime da "mita"
(baixos salários pagos aos índios para o trabalho nas minas), esses territórios
deram origem a autênticos pólos de crescimento regionais. Após a decadência da economia mineira, o
processo de descentralização econômica deu origem à grande propriedade agrícola
de dominação de uma pequena minoria que, por sua vez, influenciou a instituição
básica de toda a ordenação produtiva e social a partir do século XVIII, e das
quais procedeu ao binômio latifúndio-comunidade indígena e o latifúndio-minifúndio,
similares às formas feudais européias, porém, formadas por uma estrutura pré-capitalista
de dominação.
Com a independência dos países sul-americanos e a influência
das burguesias locais apoiadas no progresso técnico e pelo capital inglês, a inserção
dessa região nos padrões capitalistas da divisão internacional do trabalho foi
intensificada a partir da primeira metade do século XIX, momento em que se
inicia a grande expansão da corrente de comércio internacional de bens
manufaturados e matérias primas sob a lei das vantagens comparativas entre
Estados nacionais. Após a crise de 1929 tal processo adquire importância
declinante, ao passo que levou à inconsistência do padrão ouro e à crise da dívida
externa nas economias periféricas, fato intensificado após a II Guerra Mundial,
quando o déficit crescente do Balanço de Pagamentos dessas economias as tornou
completamente dependentes das determinações impostas pelo FMI sob a égide
norte-americana.
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