FANJZYLBER, F. La Industrialización Trunca
em America Latina. Nueva Imagen, México, 1983, Cáp. III.
Para tornar possível o desenvolvimento das
potencialidades produtivas na América Latina entre as décadas de 1950 e 1970 não
bastou a seus países contar com medidas intervencionistas de caráter protecionista
conduzidas por seus governos autoritários, realizadas com certa precariedade em
maior ou menor grau em cada país, e de cuja irracionalidade na condução das
estruturas produtivas resultou o avanço truncado da industrialização mais
capital intensiva nesses países, com igual impacto às carências intensificadas
(desemprego, pobreza, falta de infraestrutura e serviços de utilidade pública)
no seio dessas sociedades.
Nesse capítulo da obra de Fanjzylber, o autor procura
explicar exatamente que, não obstante às altas taxas de crescimento da economia
e da urbanização tanto nos países da América Latina, como do sudeste asiático,
com notoriedade ao Japão, foram esses últimos os que tanto melhor concentraram esforços
às suas estratégias de desenvolvimento nacional de longo prazo, especificamente
para a condução da sua política industrial, bem como para melhor integração, entre
Estado e setor empresarial, ambos bem articulados, correspondente ao seu avançado
e moderno padrão de industrialização.
O autor deixa claro que foi justamente pela insuficiência
e criatividade nacional para induzir os atributos necessários à
industrialização, diferente da orientação exportadora ocorrida nos países
asiáticos, que as economias da América Latina perderam sua autonomia em relação
à vanguarda internacional da produção de bens de capital, setor que fatalmente se
tornou uma estrutura de oligopólio mantida pelas Empresas Transnacionais (ETs),
para as quais, mesmo dificultando a transferência tecnológica de suas matrizes
para as subsidiárias "periféricas", deve-se ter o cuidado de não
atribuir a responsabilidade pelas mazelas regionais existentes, bem como pelos
elevados déficits externos e pela própria "desnacionalização" da
atividade produtiva das regiões receptoras.
De nada adiantou o protecionismo "frívolo" adotado
pela maior parte dos governos latino americanos, que invés de gerarem um
processo de aprendizagem e disseminação de conhecimentos tecnológicos aos
grupos empresariais vinculados ao Estado, como no caso do Japão, apenas gerou a
reprodução indiscriminada, truncada e mal orientada, salvo o caso do Brasil,
ainda que com baixa taxa de investimentos em pesquisa e desenvolvimento em relação
à média dos países avançados, do setor de bens de capital, que caracterizado
por altas barreiras à entrada, como o automotivo, também por isso, permaneceu dominado
por ETs.
Ainda que os países latino-americanos racionalizassem o
padrão industrial por eles adotado, a orientação exportadora seria, mesmo
assim, imprescindível ao seu desenvolvimento?
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