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3 de abr. de 2016

Mlécula ALDA-1: há cura para doenças degenerativas

             Quem já não fez uma brincadeira com algum amigo asiático quando esse ingeriu alguns copos de cerveja e, sem conseguir disfarçar, ficou com o rosto todo vermelho, parecendo um pimentão? Tal condição, denominada “síndrome asiática do rubor facial induzida pelo álcool”, que segundo os dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) acomete 40% da população descendente do Leste Asiático, consiste na mutação da enzima chamada aldeído-desidrogenase 2 (ALDH2), responsável por catalisar o álcool no organismo dos seres-humanos, através da oxidação do acetoaldeído (substância tóxica resultante da metabolização do etanol) para acetato.

            Segundo a revista Nature Structural & Molecular Biology, que em 2010 publicou artigo sobre o tema, a ALDH2 corresponde a uma enzima mitocondrial que metaboliza diferentes tipos de aldeídos tóxicos, e também ativa a reação da nitroglicerina. Contanto, a revista afirma que a enzima é mais largamente conhecida por sua atividade metabólica relacionada ao etanol. A partir da mutação da enzima ALDH2, que acaba por gerar sua variante inativa, denominada ALDH2*2, indivíduos com essa característica costumam reter e ter maior acúmulo de acetaldeído no sangue mesmo após a ingestão de uma única dose de bebida alcoólica.

            De acordo com o mesmo artigo, pesquisadores norte-americanos descobriram a existência de uma nova molécula, chamada Alda-1, que entre suas principais funções está a de “reativar” a molécula ALDH2*2, contribuindo com o aumento da eficiência da interação enzima-substrato, neste caso entre o ALDH2*2 e o álcool, e na restauração da propriedade catalítica dessa enzima. Com essa descoberta, acredita-se ser possível que também se descubra novas fórmulas farmacológicas destinadas a diminuir o risco de que indivíduos com essas características, seja ela a “síndrome asiática”, envolvendo menor risco para a saúde, como doenças graves, entre elas doença de Alzheimer, de caráter neurodegenerativas.

Reportagem da Revista Exame publicada em 2015 revela, da mesma forma, que pesquisadores da Universidade de Stanford, em parceria com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP), desenvolveram um tratamento a partir do composto Alda-1, testado apenas em ratos, que diminuiu quase que pela metade a perda da função cardíaca em indivíduos infartados. Segundo a reportagem, quanto maior era o nível de aldeídos no sangue, menor era a função cardíaca dos indivíduos infartados, o que sugere que a enzima ALDH2 não estava funcionando adequadamente antes do uso do composto Alda-1.

Seja para reduzir a vermelhidão no rosto de descendentes do Leste Asiático, mas principalmente para reter o avanço de diversas doenças crônico-degenerativas, com no caso do Alzheimer, bem como para a melhoria de funções cardíacas nos indivíduos, entre outros, não resta dúvidas sobre a importância do descobrimento e dos avanços científicos relacionados com a descoberta de fórmulas farmacológicas baseadas na molécula Alda-1.

Bibliografia:
CISA – CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL. Descoberta a molécula Alda 1 responsável pela reativação da enzima aldeído desidrogenase 2 envolvida no processo. Disponível em <http://www.cisa.org.br/artigo/449/descoberta-molecula-alda-1-responsavel-pela.php>. Acesso em 12/03/2016.
EXAME. Remédio desenvolvido pela USP reduz degeneração cardíaca após o infarto. Disponível em <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/remedio-desenvolvido-pela-usp-reduz-degeneracao-cardiaca-apos-o-infarto>. Acesso em 12/03/2016.
PEREZ-MILLER, S. et al. Alda-1 is an agonist and chemical chaperone for the common human aldehyde dehydrogenase 2 variant. Disponível em <http://www.nature.com/nsmb/journal/v17/n2/full/nsmb.1737.html>. Acesso em 12/03/2016.


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