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15 de set. de 2012

Resenha de "A GRANDE TRANSFORMAÇÃO" - Cap. 3 a 10

POLANYI, K. A Grande Transformação. Rio de Janeiro: Campos, 1980, Cap 3 a 10



Os capítulos analisados de A Grande Transformação fazem jus à elementar obra de Karl Polanyi, autor que conseguiu penetrar ao entendimento sobre as bruscas modificações da ordem social que foram inicialmente observadas na Inglaterra ainda em períodos anteriores ao da Revolução Industrial – durante o Mercantilismo – e que se consolidaram desde aí, com um ritmo cada vez mais veloz, para todo o mundo. O que talvez tenha tornado sua obra tão excêntrica é a abordagem do autor no que diz respeito às evidências dos impactos dessa extrema e brusca mudança nas bases sociais, notadamente em relação ao quadro institucional da sociedade Ocidental da época, marcada por laços de reciprocidade que há séculos era mantida entre os grupos produtivos, em detrimento de um novo regime estabelecido com base na determinação do "moinho satânico" do capital e, sobretudo no ordenamento do "exército industrial de reserva", através da formalização do mercado de trabalho.

Para Polanyi, o trabalho foi o último dos fatores produtivos a ser organizado em um sistema de mercado controlado por preços – após o capital e a terra – sem o qual não seria possível que a economia de mercado se tornasse auto-regulável. Trata-se, segundo o autor, de um sistema em que o máximo ganho monetário tornou-se o principal objetivo dos indivíduos, ante as relações de generosidade e reciprocidade sustentadas até o final do Feudalismo Ocidental. Ao passo que trabalhadores rurais haviam sido expropriados das terras comuns que lhes permitia a subsistência, através do início da política dos cercamentos (enclosures), iniciadas três séculos anteriores a Revolução Industrial e que lhes resguardava certa segurança social, novas modalidades de assistência social foram criadas a partir desta data como meio de regular o mercado de trabalho aos objetivos do capital e dirimir possíveis levantes contra o novo regime.

Assim foi no período Speenhamland (1795-1934), que criou um sistema de abonos salariais que garantia a qualquer cidadão certo "direito à vida" caso sua renda fosse menor do que a necessária para sua subsistência, com a Poor Law Reform (1834), e com o reconhecimento dos Sindicatos, a partir dos anos 1870. Longe de garantir qualidade de vida à população, tais mecanismos não passaram de verdadeiras armadilhas que tornaram a sociedade, e sua fé cega pelo progresso, não mais que um simples acessório dessa nova economia mercado auto-regulável.

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