HOBSON, J. A. A Evolução do Capitalismo Moderno. Abril, SP, 1993, Cap V, VI e VIII
Como parte do núcleo da obra de Hobson, os capítulos em referência abordam o cerne do capitalismo moderno do final do século XIX, notadamente o caso do desenvolvimento das grandes corporações empresariais sob a forma de trustes nos EUA, caracterizadas por monopólios setoriais cuja "necessidade de um capital vultoso é maior do que em qualquer outra operação financeira" (pag. 91), com destaque às operações de grande escala de produção, a exemplo da extração de ferro e aço, produção de bens de capital e, principalmente, a indústria de transportes ferroviários, na qual a relação capital-trabalho era superior a de qualquer outra indústria da época e que, em última instância, comprovava a tendência absolutamente concentradora das empresas participantes nesses segmentos.
Além do processo de concentração do capital em poder das holding trust, que não apenas verticalizavam todas as etapas de uma mesma cadeia produtiva, desde a extração da matéria-prima, até a venda do produto industrializado no atacado, esta fase da história também revela a grande ascensão das empresas financeiras no período. Sendo elas as responsáveis pelas operações de crédito às grandes firmas, sem os quais essas últimas não conseguiriam o capital necessário à sua expansão, as empresas financeiras tornaram-se as grandes dominadoras das atividades industriais dos grandes grupos e passaram a exercer grande influência sobre as decisões do Estado nacional, a contar das políticas de proteção aduaneira conduzidas nos EUA, bem como pelo domínio da corrupção política exercido com fins comerciais naquela época.
Deveras responsável pela grande expansão econômica nos EUA, onde foi crucial para a o desenvolvimento de diversos setores estratégicos que fariam frente à forte concorrência dos produtos europeus, é de surpreender o grau de organização com que o grande capital industrial, sob a tutela do capital financeiro, conseguiu organizar toda a base da economia americana. Ainda que houvesse espaço para outras empresas, com porte menor, e alocadas em setores menos capital intensivos, como o setor têxtil, para realizar atividades customizadas, específicas, ou de suadouro (sweating business), o controle da holding trust impunha ao consumidor final, ainda assim, um tributo tão grande como se toda a cadeia produtiva estivesse incluída na esfera do seu monopólio. Revela-se aí a submissão do Estado nacional ao capital financeiro internacional?
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