Quem já não fez uma brincadeira com
algum amigo asiático quando esse ingeriu alguns copos de cerveja e, sem
conseguir disfarçar, ficou com o rosto todo vermelho, parecendo um pimentão?
Tal condição, denominada “síndrome asiática do rubor facial induzida pelo
álcool”, que segundo os dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool
(CISA) acomete 40% da população descendente do Leste Asiático, consiste na
mutação da enzima chamada aldeído-desidrogenase 2 (ALDH2), responsável por
catalisar o álcool no organismo dos seres-humanos, através da oxidação do
acetoaldeído (substância tóxica resultante da metabolização do etanol) para
acetato.
Segundo
a revista Nature Structural &
Molecular Biology, que em 2010 publicou artigo sobre o tema, a ALDH2
corresponde a uma enzima mitocondrial que metaboliza diferentes tipos de
aldeídos tóxicos, e também ativa a reação da nitroglicerina. Contanto, a
revista afirma que a enzima é mais largamente conhecida por sua atividade metabólica
relacionada ao etanol. A partir da mutação da enzima ALDH2, que acaba por gerar
sua variante inativa, denominada ALDH2*2, indivíduos com essa característica
costumam reter e ter maior acúmulo de acetaldeído no sangue mesmo após a
ingestão de uma única dose de bebida alcoólica.
De
acordo com o mesmo artigo, pesquisadores norte-americanos descobriram a
existência de uma nova molécula, chamada Alda-1, que entre suas principais
funções está a de “reativar” a molécula ALDH2*2, contribuindo com o aumento da
eficiência da interação enzima-substrato, neste caso entre o ALDH2*2 e o
álcool, e na restauração da propriedade catalítica dessa enzima. Com essa descoberta, acredita-se ser possível que
também se descubra novas fórmulas farmacológicas destinadas a diminuir o risco
de que indivíduos com essas características, seja ela a “síndrome asiática”,
envolvendo menor risco para a saúde, como doenças graves, entre elas doença de
Alzheimer, de caráter neurodegenerativas.
Reportagem da Revista
Exame publicada em 2015 revela, da mesma forma, que pesquisadores da
Universidade de Stanford, em parceria com pesquisadores do Instituto de
Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP), desenvolveram um tratamento a partir do
composto Alda-1, testado apenas em ratos, que diminuiu quase que pela metade a
perda da função cardíaca em indivíduos infartados. Segundo a reportagem, quanto
maior era o nível de aldeídos no sangue, menor era a função cardíaca dos
indivíduos infartados, o que sugere que a enzima ALDH2 não estava funcionando
adequadamente antes do uso do composto Alda-1.
Seja para reduzir a
vermelhidão no rosto de descendentes do Leste Asiático, mas principalmente para
reter o avanço de diversas doenças crônico-degenerativas, com no caso do
Alzheimer, bem como para a melhoria de funções cardíacas nos indivíduos, entre
outros, não resta dúvidas sobre a importância do descobrimento e dos avanços
científicos relacionados com a descoberta de fórmulas farmacológicas baseadas
na molécula Alda-1.
Bibliografia:
CISA –
CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL. Descoberta
a molécula Alda 1 responsável pela reativação da enzima aldeído desidrogenase 2
envolvida no processo. Disponível em <http://www.cisa.org.br/artigo/449/descoberta-molecula-alda-1-responsavel-pela.php>.
Acesso em 12/03/2016.
EXAME. Remédio
desenvolvido pela USP reduz degeneração cardíaca após o infarto. Disponível
em <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/remedio-desenvolvido-pela-usp-reduz-degeneracao-cardiaca-apos-o-infarto>.
Acesso em 12/03/2016.
PEREZ-MILLER, S. et al. Alda-1 is an agonist and
chemical chaperone for the common human aldehyde dehydrogenase 2 variant. Disponível
em <http://www.nature.com/nsmb/journal/v17/n2/full/nsmb.1737.html>.
Acesso em 12/03/2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário