A recente crise que se espalhou pelas maiores economias do mundo durante o segundo semestre de 2008 tem deixado grandes seqüelas por onde passa. O que não se sabe é se o seu estrago já tem data para terminar, ou se sua semente levará tempo a germinar.
A crise das hipotecas que se instaurou nos Estados Unidos no início de 2007 gerou conseqüências para a economia mundial. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as instituições financeiras do globo reportaram perdas de quase US$ 1,4 trilhão até julho de 2008.
Após os mutuários norte-americanos terem ficado sem emprego e tido as suas casas tomadas por conta da inadimplência dos recursos emprestados, agora foi a vez da Zona do Euro ter registrado perdas envolvidas à recessão mundial. Igualmente, imigrantes que aí vivem já começam a deixar suas casas e retornam aos seus países fugindo das condições limites e o aumento do desemprego na região.
As seqüelas que tiveram origem no mercado financeiro norte-americana tornam-se cada vez mais nítidas na economia real e criam hoje uma situação de insegurança extrema até mesmo nas economias chamadas emergentes, cujas pegadas ainda não foram claramente rastreadas.
Com razão, o fenômeno da globalização financeira, que se manifestou no último quarto do século vinte, tornou os mercados tão interligados que passou a determinar um quadro de liquidez e volatilidade sem precedentes na história econômica mundial. Com a crescente interdependência entre os países, o desafio dos bancos centrais e dos órgãos multilaterais para a gestão da (des)ordem econômica tornou-se ainda maior.
Em um cenário ao que parece tão pouco promissor, a dúvida que fica é: quando essa crise chegará de vez ao Brasil? Será que apesar de todas as ações tomadas pelos agentes econômicos mundiais - dentre as quais as principais foram o acordo de US$ 700 bilhões de dólares de empréstimo do Tesouro americano ao sistema financeiro e os 50 bilhões de Euros do BCE com o mesmo propósito na Zona do Euro – haverá meios para por fim a recessão que se instaura no mundo? Ou esta crise veio mesmo para ficar e por fim ao sistema capitalista tal qual se é conhecido?
Por um lado, a clara supremacia do dólar norte-americano permite que este país continue a financiar sua dívida sendo uma espécie de credor e devedor simultaneamente. Trata-se de uma espécie de fundo perdido com o qual a economia norte-americana cria condições de viabilizar o financiamento da globalização comercial e produtiva, ao passo que potencializa a volatilidade e a instabilidade dos mercados financeiros globais.
A alternativa aos países não emissores de moedas conversíveis foi apenas uma: adotar uma clara estratégia de acumulação de suas reservas cambiais, que hoje superam os US$ 7 trilhões, como meio de resistir a um difícil momento na conjuntura mundial. Isto significa que em uma situação de recessão, as economias que acumularam reservas, como é o caso do Brasil (aproximadamente US$ 200 bilhões) apresentam uma gordura extra a ser queimada, antes mesmo que torrem com a sua carne.
Ao passo que os recursos angariados sejam corretamente aplicados, a tendência é de que ocorra uma reorganização do sistema financeiro mundial garantindo a salvação e um novo fôlego à economia mundial. Enquanto isso, uma das medidas que cabe ao Brasil para se resguardar neste momento é a de utilizar esta reserva como ferramenta de crédito interno até que a ressaca mundial seja finalmente curada.
Por outro lado, ainda não se sabe ao certo se todas as mazelas desta crise já passaram mesmo com as ações tomadas pelos agentes reguladores mundiais, ou se estas ainda estão por vir e com que intensidade. Algumas correntes, por exemplo, afirmam que tais medidas de socorro aos bancos só adiam um problema inerente ao Sistema Capitalista, a acumulação de capital.
Foto: Sebastião Salgado |
A crise das hipotecas que se instaurou nos Estados Unidos no início de 2007 gerou conseqüências para a economia mundial. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as instituições financeiras do globo reportaram perdas de quase US$ 1,4 trilhão até julho de 2008.
Após os mutuários norte-americanos terem ficado sem emprego e tido as suas casas tomadas por conta da inadimplência dos recursos emprestados, agora foi a vez da Zona do Euro ter registrado perdas envolvidas à recessão mundial. Igualmente, imigrantes que aí vivem já começam a deixar suas casas e retornam aos seus países fugindo das condições limites e o aumento do desemprego na região.
As seqüelas que tiveram origem no mercado financeiro norte-americana tornam-se cada vez mais nítidas na economia real e criam hoje uma situação de insegurança extrema até mesmo nas economias chamadas emergentes, cujas pegadas ainda não foram claramente rastreadas.
Com razão, o fenômeno da globalização financeira, que se manifestou no último quarto do século vinte, tornou os mercados tão interligados que passou a determinar um quadro de liquidez e volatilidade sem precedentes na história econômica mundial. Com a crescente interdependência entre os países, o desafio dos bancos centrais e dos órgãos multilaterais para a gestão da (des)ordem econômica tornou-se ainda maior.
Em um cenário ao que parece tão pouco promissor, a dúvida que fica é: quando essa crise chegará de vez ao Brasil? Será que apesar de todas as ações tomadas pelos agentes econômicos mundiais - dentre as quais as principais foram o acordo de US$ 700 bilhões de dólares de empréstimo do Tesouro americano ao sistema financeiro e os 50 bilhões de Euros do BCE com o mesmo propósito na Zona do Euro – haverá meios para por fim a recessão que se instaura no mundo? Ou esta crise veio mesmo para ficar e por fim ao sistema capitalista tal qual se é conhecido?
Por um lado, a clara supremacia do dólar norte-americano permite que este país continue a financiar sua dívida sendo uma espécie de credor e devedor simultaneamente. Trata-se de uma espécie de fundo perdido com o qual a economia norte-americana cria condições de viabilizar o financiamento da globalização comercial e produtiva, ao passo que potencializa a volatilidade e a instabilidade dos mercados financeiros globais.
A alternativa aos países não emissores de moedas conversíveis foi apenas uma: adotar uma clara estratégia de acumulação de suas reservas cambiais, que hoje superam os US$ 7 trilhões, como meio de resistir a um difícil momento na conjuntura mundial. Isto significa que em uma situação de recessão, as economias que acumularam reservas, como é o caso do Brasil (aproximadamente US$ 200 bilhões) apresentam uma gordura extra a ser queimada, antes mesmo que torrem com a sua carne.
Ao passo que os recursos angariados sejam corretamente aplicados, a tendência é de que ocorra uma reorganização do sistema financeiro mundial garantindo a salvação e um novo fôlego à economia mundial. Enquanto isso, uma das medidas que cabe ao Brasil para se resguardar neste momento é a de utilizar esta reserva como ferramenta de crédito interno até que a ressaca mundial seja finalmente curada.
Por outro lado, ainda não se sabe ao certo se todas as mazelas desta crise já passaram mesmo com as ações tomadas pelos agentes reguladores mundiais, ou se estas ainda estão por vir e com que intensidade. Algumas correntes, por exemplo, afirmam que tais medidas de socorro aos bancos só adiam um problema inerente ao Sistema Capitalista, a acumulação de capital.
A incapacidade de financiamento da sua máquina motora, a instituição financeira, trará um momento de profunda recessão a qual nenhum mercado deverá escapar. Semelhante ou não à crise dos anos 1929, a nova tensão causará pânico e desordem social. Maior em volume e lenta em velocidade, o rearranjo do sistema econômico deverá ocorrer em alguma base, possivelmente diferente a esta do "hipercapitalismo predatório" ao qual hoje se conhece, que então estará esgotado.
Torcendo por um rearranjo mais humano....
ResponderExcluirBeijos
Certamente haverá quando houver uma re-organização sistêmica. Esta não deve tardar a chegar.
ResponderExcluirAbs.
Rodrigo